Doce e diet maternidade

  Responda com sinceridade: quem foi mesmo José na história de Jesus? Maria não precisou dele nem para fecunda-la! José é a figura esquecida a sombra da soberania de Maria, que gerou o filho de Deus e que abnegada o viu seguir para longe, no caminho que lhe era destinado, que sofrida sentiu na pele as perseguições do filho e que sangrou junto a ele na cruz! Maria é nossa primeira referência de maternidade, no mais absoluto exemplo da santidade materna! E hoje 2005 anos depois, ainda vivemos a sombra de Maria! Talvez as cobranças sobre a maternidade seriam mais leves se a mãe de Jesus fosse Madalena!
  Vou deixar claro: sou mãe, no mais absoluto sentido da palavra e esta sem dúvida é minha maior vocação!
  Vocação! Acho que este é o pingo no “i” da maternidade! Maternidade não é e nunca foi instinto! Algo inato a toda mulher, parte de nossa identificação como a vagina ou os seios! Instinto materno não vem de fábrica, desculpem! Instinto materno é algo mais parecido com uma característica, uma vocação! Como a vocação para a medicina, o direito, a gastronomia, ou qualquer outra área! Algumas mulheres tem, outras não! E não há nada de errado com as mulheres que não nasceram com este opcional de fábrica! É apenas mais uma característica da sua personalidade, que de forma alguma as tornará menos mulheres, megeras, maléficas ou incompletas!
  Maternidade só completa mulheres com vocação para a maternidade. Simples assim! E nem todo desejo de ser mãe vem junto a vocação para ser mãe! Também não confunda as coisas!
  Num olhar puramente racional, maternidade é a mais completa e complexa tarefa que uma pessoa pode realizar! A responsabilidade se torna infinitamente absurda, no momento que nos deparamos com o fato de que não criamos um filho apenas! Não é o nosso filho que estamos ali tentando educar da melhor maneira possível diariamente! Estamos educando o funcionário de alguém, o marido ou esposa de alguém, o vizinho, o colega de trabalho, o pai e a mãe de nossos netos, o cidadão e até o amante! Sim, porque é burrice achar que para o quarto nossos filhos não levarão nada de nós! Eles carregarão parte do que somos e do que oferecemos a eles, direta ou indiretamente, na voz ou no nosso silêncio, para todos os papéis que desempenharem na vida! Estarão atentos aos nossos passos, nossas palavras, nossos gestos, nossos exemplos e “dezexemplos”. E não adianta dar aquela empurradinha básica tão comum nos dias de hoje, quando lotamos suas agendas de atividades, lotamos nossos dias de trabalho e deixamos o pouco tempo que nos resta juntos, envolto na desculpa do cansaço, na expectativa de que alguém, a babá, a escola, o professor de muay thay ou a psicóloga, tome a frente da sua formação e ampare seus conflitos e dilemas de crescimento, porque logo ali no futuro, perceberá que os resultados podem ter sido catastróficos!
  Mas para quem nasceu com esta vocação e a vida for bacana e permitir, super vale a pena!   Maternidade é a maior das viagens! A gente sabe, quase exatamente, o destino que desejamos, mas devemos ter paciência, observar as paradas necessárias, abastecer sempre que preciso, parar para descansar, mudar o roteiro, sair do mapa, inventar novos caminhos e tentar não sentir culpa quando nos perdermos no meio da estrada! Porque a gente se perde inúmeras vezes! E daí pode bater o desespero total tipo: "para onde estou indo afinal?”. Abra a janela, deixa o vento bater e não dê ouvidos aos que passam ao lado! Todo mundo tem uma dica, um palpite, uma crítica! Besteira! Mãe comete erros, chora, se perde, quer desistir, precisa de um tempo para ela, precisa de cuidados, de colo, de paciência! Relaxa!
  E se você não nasceu para pegar esta estrada, desencana! Toda mulher tem o direito de decidir o que quer dirigir e a estrada que quer seguir. Se a maternidade não é sua estrada, coloque toda sua dedicação, paciência e amor em outra estrada! No direito, na medicina, ou na gastronomia, quem sabe! Não existe culpa por não ter vocação materna, culpa é se render as cobranças sociais e se tornar uma mãe medíocre!