Das muitas coisas que a maturidade me trouxe, me aceitar tem sido das melhores surpresas.
  Em tempos de "sair do armário", assumir meus bichos, sombras e esquisitices é delicioso!
  Vamos por partes, acho que inadequada sempre foi uma definição bacana pra mim, ou pelo menos pra forma como muitas vezes me senti! Mas sem bad monstro por isso, as vezes gerava uma briga interna, mas sem caos!
Brigava em silêncio, porque entre meus seres tem um que é bem silencioso, brigava aos prantos quando a versão Regina Duarte baixava, ou simplesmente engolia meu sapo e saia de cena!
  Compreender e aceitar que tinha uma porrada de gentes morando aqui dentro e que isso podia ser bem divertido, acho que foi minha primeira inadequação!
Não venho de uma família alternativa, holística, bicho grilo, ou algo assim. Sou paulistana de nascimento, criação e coração e nasci e vivi o mais urbanamente possível, numa casa só de mulheres, sem figuras masculinas próximas, mas com alguns referências fortes e importantes para minha formação!
  Corria de festinhas de aniversários e só ia quando minha mãe me obrigava, acreditando assim que me tornaria um ser sociável!
  Mais mocinha (adoro essa palavra...rs...nunca sei o que significa de fato), tipo uns 13, 14 anos, cismei de meditar e me tornar vegetariana. Bem assim, no sei lá por que mesmo! Nem vegetariano eu conhecia!!
 Aos domingos ainda pro Ibirapuera praticar Tai chi ás 06:00, com um grupo de orientais septuagénarios. No começo eles faziam a egípcia, afinal - o que aquela fedelha ocidental estaria fazendo ali ? - era o que deviam pensar! Aos poucos me aceitaram, me abraçaram e me ensinaram. Dali saiu boa parte dessa pessoinha que sou hoje! Gratidão sempre!
  E segui, na vibe do sem carne, incenso e meditação, numa família de fumantes, carnívoros, som alto e com um vocabulário rico de delicadas expressões, PQP, FDP, e outras sutilezas verbais!
  Mas mesmo sendo o ET da família, rolou amor e respeito, claro, depois de minha mãe acreditar que era apenas meditação e não drogas!
  Teve até fase que tive total certeza de que era bruxa! Dava altos conselhos sentimentais do tipo "pode investir que o sujeito é da luz, ou foge que é das trevas", isso aos 16, 17 anos! Demorei a entender que eu apenas não tinha cortado o cordão.
  Todos nascemos com puta intuição, uma sensibilidade imensa, mas vamos crescendo e ficando bobos! Nos afastamos disso porque "aprendemos" que é besteira, que devemos ser práticos e objetivos! Mas acho que não cortei meu cordão e me acostumei a ouvir de pessoas ultra práticas, me casei com um, perguntas do tipo: - o que você sente em relação ao fulano, ou a aquela situação?  
  Confesso que nem sempre gosto disso, desta facilidade acima do normal em ler as pessoas que encontro pelo caminho, as vezes machuca um pouco! 
Como quando a gente se depara com a criatura te dando o melhor sorriso, te oferecendo colo, abraço e gentileza, mas a gente só consegue ver uma aura sinistra, pesada! Daí bate aquela dorzinha associada ao medo de "será que não tô pegando pesado demais?"
  Experimenta não pegar!
 Já experimentei! Quebrei feio a cara!
 Prefiro continuar com as minhas esquisitices e manter meu cordão conectado!
Acho que já estou madura o suficiente para não ter medo disso!



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