Sem revisar, sem corrigir, sem reler! Saiu e postei!

  A gente segue, um tantinho distante das palavras, num baita medo de sentar aqui, alias nem é só medo, é aquele velho paradoxo meu amigo, o medo e o desejo! 
  Tem séculos que sinto, que quero sentar e só vomitar no teclado mesmo, mas sou freada pela neurose do "quem vai ler e se quem ler se achar, se perceber aqui, parte de tudo aqui, identificando sua participação no meus infernos e meus sorrisos?". Foda-se né! Tá passando da hora e se eu deixar a mão fazer outra pausa ela acaba parando, então melhor seguir!
  Esquisita sempre foi uma definição frequente pra quem sou, mas esquisita do bem! Lá nas antigas dos meus 15 anos mais ou menos, ia ler nas manhãs de domingo no Ibirapuera, bem cedinho mesmo, tipo 07 horas e nestas leituras observei um grupinho lindo de idosinhos orientais fazendo um movimento lindo também, suave e forte ao mesmo tempo e quando vi já estava pertinho deles tentando repetir! 
  No começo eles meio que faziam a egípcia pra mim, mas insisti tanto que me acolheram e me ensinaram que aquele movimento era Tai Chi. Fui ficando por ali nas manhãs de domingo, quando não ia ao cinema (sim tinha uma sessão as 10h acho, e cinema sozinha é pura vida).
  Do Tai Chi pro incenso, pra meditação, pro veganismo e vida que seguia! Na esquisitice pra muita gente é fato! 
  Eu tinha uma sintonia mega bacana com alguém de algum canto desse universo, que não sabia quem era, mas que era muito bom, serenava, esclarecia, completava! Não sabia explicar direito, só que era bom ter uma percepção mais apurada, uma sensibilidade sempre meio que saltando a pele pra tudo, todo tempo!
  Crescendo e tentando me manter conectada! Me afastei por um tempinho do tai chi, da meditação, mas a conexão tava ali ainda!O desejo e a necessidade de encontrar alguma coisa também continuava ali presente o tempo todo, aliado a uma facilidade imensa de compreender o outro, não importava o que o outro tivesse feito, pra mim ele era sempre "fruto de sua evolução, suas experiencias, sua trajetória e quem eu era pra julgar?"
  Li, estudei, tentei aprender sem nenhuma vírgula sobre e frequentei templos budistas, centros de umbanda, missas, cultos, tomei passe, fiz doce pra Cosme e Damião, acendi vela pra anjo da guarda, joguei pipoca na calçada, fiz primeira comunhão aos 16 anos, entoei mantras e a melhor parte pra mim era a tranquilidade em que eu transitava por cada um destes caminhos, pra mim eles nunca concorreram entre si, pelo contrário se completavam e me faziam um bem danado!
  Fiz cursos e experimentei terapias variadas, cromoterapia, reiki, feng shui, massagem indiana, radiestesia, florais, reflexologia, acupuntura (este não consegui terminar, tenho um medo paralisante de agulhas), tudo que surgia e me tocava de alguma forma, eu tinha necessidade e prazer em aprender, observar, experimentar. Claro que tive uma identificação maior com alguma terapias do que com outras e com estas trabalhei e me aprofundei por muito tempo. 
  Tinha um carinho especial por terapias manuais, criar o ambiente adequado para oferecer uma massagem, escolher o óleo essencial indicado para aquela pessoa, observar a iluminação, a música, a decoração, ouvir o que tinha para contar, ouvir seu corpo, tudo isso fez parte da minha vida por longos anos e com uma alegria imensa. 
  Observar pessoas, ler ambientes, acolher, cuidar pra mim eram grandes presentes e os caminhos que eu utilizava para isso eram grandes certezas na minha vida, as massagens, o feng shui, os florais, os aromas, a cromoterapia!
Mesmo quando me mudei para uma cidade pequena, onde por motivos de fácil compreensão havia um tanto bom de ceticismo ao não concreto, consegui seguir, um tanto mais esquisita pra cidade, mas devagarzinho eu ia conseguindo abrir espaços. 
  E acabei abrindo literalmente um Espaço. Meu próprio Espaço. E abri com o coração cheio de idéias e ideais. Era a concretização de toda uma vida e assim ele deveria ser, minha cara, minha historia, minhas crenças, experiências e valores!
  Bah! Me perdi! 
  Fui ficando cansada de explicar o que era feng shui, explicar que não é bacana ficar repetindo as tragédias do jornal na recepção, que meditação não tem nada haver com centro espírita (e daí se tivesse?),  que ser vegetariana (já não era vegana mais) não significava passar fome e que eu não era magrinha por não comer carne, que incenso não vem da umbanda, que Buda é tudo de bom e que pode sim ficar sentadinho ao lado de Jesus, são parças, que sal grosso é uma baita aliado do descarrego,...
  Fui ficando cansada das explicações e dos conselhos que seguiam uma linha meio padrão: "vai ser díficil você conquistar mercado com um espaço que tenha essa cara (que cara?), isso é muito alternativo, meio místico, acho que não combina com a cidade, as pessoas daqui não estão acostumadas com isso, você vai afunilar muito seu público, estas coisas não passam muita credibilidade,...".   Ah, sem esquecer claro do "se você quer ter sucesso aqui tem que aceitar quando te convidam para aquele coquetel, aquele desfile, tem que se relacionar com x, y ou z, porque são formadores de opinião."
  Fui burra e medrosa, isso já depois dos 30. Eu havia investido até meu fígado naquele Espaço, não tinha como arriscar falhar e saí ouvindo estas criaturas e me atropelando!
  Permiti no meu Espaço pessoas que aquele meu amiguinho de vida me dizia pra manterem afastadas, isso só pra não deixar uma sala sem alugar ou para não deixar de oferecer determinado atendimento e quebrei a fuça! Fui prática e empreendedora, sem dar ouvidos a minha amada intuição, acolhi gentes que meu sininho interno agitava feito um maluco pra que eu deixasse bem longe de mim, parei de meditar (sem tempo), voltei pra carne (mais prático), abstrai esse papo de energia (não paga minhas contas), guiei meus sins e nãos somente pelo lado prático da vida e quase surtei!
  Quando percebi a pessoa tranquila que fui tinha evaporado, a falta de paciência havia se tornado minha companheira diária, tive dias onde tudo o que eu queria era morder o pé da mesa! Sem paciência com as crias, com o marido, com o trabalho, com o mundo e o pior, comigo! Mas na minha cabecinha ainda não era minha responsabilidade tudo aquilo, afinal "fulana fez isso, fulana deixou de fazer isso, atrasaram o pagamento, não fizeram a entrega, choveu, tiraram a Dilma, o Temer é um escroto, a rúcula tá sem gosto..." Enfim, eu não tenho nada haver com essa balbúrdia droga! 
  Vou almoçar agora, afinal tô aprendendo a me respeitar de novo!
  Mais tarde volto!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Hoje eu só quero que o dia termine bem..."

A culpa da bicicleta

Hoje