Né?

                                              


  E as vezes como boa notívaga que sou, consigo encontrar na madrugada, soluções para algumas crises do mundo e até para aquela que na minha opinião é o mais complexo desafio da atualidade: quadradinho! Que também pode ser chamado de empatia, respeito, espaço, enfim, cada um chama do que quiser! Prefiro quadradinho e pra mim a solução também cabe em uma palavra: simplicidade!
  Claro, a simplicidade pra funcionar melhor, deveria ser apresentada as criancinhas, afinal, como dizia minha sábia avó Anésia: "é de pequenino que se torce o pepino", ou que se ensina a simplicidade!
  Lá nos primórdios quando a pequenina era eu, me lembro que tinha uma vizinha, que tinha uma filha, que tinha um Fiat 147 azul e que namorava toda noite dentro dele! Mas eu nunca conseguia ver com quem a vizinha namorava!   Até a noite que vi numa brecha do embaçado do vidro, um longo cabelo loiro, ao lado dos cabelos negros da minha vizinha Ana! Corri e perguntei pra minha avó: "Vó quem é a moça loira que esta com a Ana no carro?". E entre uma escovada e outra no cabelo da freguesa (minha sábia avó era cabeleireira), ela me respondeu: "É a namorada dela!". Simples e direta! Sem entonação dramática, sem olhares, sem abaixar o tom ou desligar o secador!
  Não havia motivo para dar uma entonação formal a resposta, era a namorada da Ana e só! Fui apresentada ali a simplicidade!
  E segui por ela! Na adolescência, amava o Madame Satã e a Nation, com amigos ultra democráticos de todas as tribos. Sem entonação ou necessidade de explicação! Só simplicidade. Mais fácil crescer assim!
  Arrisco pensar que nascer e crescer em São Paulo também foi um presente! Pouco importava se minha colega de sala tinha cabelos azuis ou se estava namorando a professora, o importante era focar e cuidar da minha própria vida na correria da cidade!
  Cidade pequena tem mania de chamar intromissão de cordialidade, olhar mais a ancestralidade do que a honestidade, os sapatos do que o trabalho! O que não significa que nunca encontrei preconceito em São Paulo, infelizmente encontrei sim e muito, mas ainda acho que a vidinha mais serena do interior da um gás no preconceito!
  Mais voltando a simplicidade...
  Simples seria se apresentássemos as nossas crias o mundo sem entonação formal, sem franzir a testa ou arregalar os olhos! Simples seria responder as perguntas sem sussurros ou sem adjetivar. Fazer escolhas, respeitar escolhas, estender as mãos.
  Nunca fará diferença real na minha vida a cor da pele do vizinho, o namorado do professor ou a religião do colega! Mas meu olhar sobre o mundo faz uma baita diferença e pode fazer minha estadia aqui muito mais bacana e produtiva!

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