Cinderelas da chuva.





                                                                
  Ontem a noite, durante aquela chuva torrencial que caiu, me flagrei traindo minha espécie num pensamento, numa dúvida, que sinceramente, ainda não consegui compreender !
  Passamos, aliás, assisti antes de passar propriamente, as últimas décadas observando nós mulheres lutando, tentando, argumentando, alguma vezes numa verdadeira batalha, por mais direitos, por igualdade entre os sexos.
  Louvável sem dúvida nenhuma, respeito é bom, igualdade é necessária e vamos ser sinceras também, ninguém aguentaria em sã consciência nos dias de hoje aulas de bordado, corte costura, etiqueta social, pregar botões, preparar quitutes e quitandas intermináveis e ainda permanecer quase imóvel metida dentro de um espartilho ! Meu Deus do céu ! Como conseguiríamos conciliar isso tudo com as reuniões da empresa, o mestrado, a carboxiterapia e a malhação? Impossível!
  Mas voltando a chuva de ontem e a minha traição, se já conquistamos tanto, avançamos tanto, a ponto de algumas representantes da nossa espécie se julgarem inferiorizada se um homem mais audacioso (e corajoso..) lhe abrir uma porta de carro, ou puxar uma cadeira, ou querer pagar nossa conta no restaurante, se quiser tudo isso de uma vez então,...coitado !!! Por que raios então, durante uma chuva, o que fazemos é apenas esperar placidamente que nosso marido, namorado, ou nossa companhia desde que seja masculina, se aventure na tempestade para trazer o carro até nós e nos resgatar?
  Enquanto esperava meu próprio resgate, observei ao meu redor, tentando achar uma explicação visível aquele fenômeno : haviam mulheres de salto alto, ok, isso dificultaria a corrida até o carro, mas também haviam mulheres de tenis, então não é o calçado, haviam mulheres maquiadas e sabemos que até a melhor maquiagem não fica muito bonita depois de molhadas, mas,...também haviam mulheres de rosto limpo, então a maquiagem também não era a questão. Mulheres de vestido não teriam facilidade na corrida,. mas e aquela multidão feminida de calças? Também não era o vestido então ! Tecidos finos, quando molham ficam transparentes e sermos transformadas em "Miss lava jato" poderia não ser bacana, mas haviam mulheres vestidas em tecidos mais grossos, com menor probabilidade a transparencia! Tecidos, esta também não era a dificuldade
  Engraçado que nesta minha observação, até a idade estava presente como fator de pouca ou nenhuma importância, afinal haviam casais onde as mulheres eram visivelmente mais jovens que seus acompanhantes, ou seja, provavelmente teriam mais agilidade, mas nem estas se movimentaram!.
  Enfim, o que observei então foi a formação de uma imensa massa feminina, solidária, unida, no salto, na rasterinha, com gloss, batom, vestido, jeans,... numa demonstração da nossa encantadora variedade, a esperar!
  Acho que algumas situações ainda podem nos resgatar um desejo imenso de nos sentirmos donzelas prontas a sermos salvas, não mais por um cavalo branco, talvez um Civic preto, um Corolla prata, ou até um Fusquinha 68,..rsrs..


.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"Hoje eu só quero que o dia termine bem..."

A culpa da bicicleta

Hoje