PiqueniqueXCerveja


                                   Não deveria ser assim?                    

  Eu não bebo, pelo menos não da forma que geral bebe! No máximo um bom vinho ou uma artesanal quando sinto vontade! E esta característica já me rendeu rótulos que foram se tatuando em mim, tempos atrás até me incomodavam, mas hoje, aos 40 e alguns,  poucas coisas me incomodam! Abençoada maturidade!
  Anti-social, enjoada, chata e por ai afora. Acho isso tudo muito doido. Chata e enjoada apenas porque posso passar uma noite inteira tomando um suquinho ou uma água, e anti social porque confesso que não consigo achar graça nas brincadeiras etílicas. Sabe aquela amiga que conta no dia seguinte que bebeu todas e contou a vida pro garçom, ou beijou um cara que nem sabe o nome, dançou em cima da mesa, ou seu colega que conta "Cara, tava tão ruim ontem a noite,que nem sei como consegui dirigir até em casa." E na sequência todos caem em gargalhadas? Atire a primeira pedra quem nunca contou uma historinha similar ou nunca riu de uma.
  Mas eu ia falar do feriado no parque! No dia das crianças uma amiga querida  me convidou para um piquenique com nossos filhos, num parque em Uberlândia. Achei a ideia bacana, já visualizando uma toalha xadrez, bolo, guaraná, bola, formigas, uma coceirinha aqui outra acolá, mas no final, um programinha gostoso pras meninas e para família toda.
  E seguindo os padrões da boa educação, perguntei o que eu deveria levar. Confesso que a resposta me desanimou um pouquinho, aliás bastante, o suficiente para desanimar do tal piquenique! Eu poderia levar qualquer coisa, só a cerveja não era necessário porque já tinha quem levasse!
  Como assim ? Cerveja num piquenique de dia das crianças? Agradeci o convite, o que não causou espanto, afinal sou a "chata que não bebe"!
  Impossível não pensar um pouquinho. Queria tentar compreender melhor algumas coisas. Se prestarmos um pouco de atenção ao nosso redor, uma das situações que infelizmente tem se tornado mais frequentes são jovens, cada dia mais jovens, se envolverem em acidentes por estarem alcoolizados, ou em situações de risco. Se observarmos as campanhas publicitárias de bebidas alcoólicas, principalmente de cervejas o que elas tem em comum? Mulheres e homens bonitos, de bem com a vida, sorridentes, geralmente (para as cervejas..), com pouca roupa, em situações absolutamente divertidas e prazerosas.Houve uma campanha recente onde se dizia que beber no bar era bem melhor que beber em casa, ou seja, aquela história de se beber não dirija ia por água abaixo, afinal pra que beber tranquilamente em casa sem ter que voltar pra lugar nenhum depois, se o melhor era beber na rua com os amigos acreditando que realmente um dele ficaria sem beber ou beberia pouco?
  Será que existe de fato pessoas que saem para uma balada e passam a noite numa única dose, numa única cervejinha? Por mais otimista que eu seja, acho difícil acreditar!
  E os nossos programas caseiros? O que são? Não importa a espécie, batizado, aniversário de 1 aninho, casamento, bodas, confraternização da empresa, churrasco em família, almoço de domingo, seja ló o que for, se não tiver cerveja não tem graça!
  Frases como "Vou tomar uma gelada pra relaxar, ou porque mereço depois do estress que foi a semana, ou pra esquecer a merda que foi a semana, ou pra comemorar o sucesso que foi a semana". Enfim, associamos o beber ao esquecer, ao comemorar, ao relaxar, ao confraternizar, ao reunir, ainda não chegamos aos velórios, mas sinceramente acho que chegaremos lá! Logo teremos velórios onde servirão uma geladinha pra dar uma descontraída no clima, quebrar o gelo, suavizar a bad!
  Depois, ironicamente, olhamos nossos filhos adolescentes e repetimos: "filho, não vá beber e dirigir hein",  "filha evite beber, você não precisa de álcool para se divertir"! Oi?Como assim?
  Eles cresceram nos vendo sempre em volta de uma copo, de uma garrafa e agora tentamos ensina-los o que nunca aprendemos? Como ensinar a alguém que ainda está em fase de descobertas, de transformações, tentando se encontrar, de que o que falamos é que deve ser escutado e não o que fazemos? Esquecemos que nossas atitudes tem mais volume do que nossa voz!
  Como ensinar a nossos filhos que há diversão sóbria, se nunca mostramos isso?
  Uma vez tive a oportunidade de ir a um casamento evangélico, onde havia música, gente bonita, feliz, diversão, refrigerante e água! Acho que deveria ser programa obrigatório ao menos uma vez na vida!!
  Sinceramente, não vi pessoas apáticas ou tristes por estarem numa festa sóbria! Foi uma festa maravilhosa!
  Não sou evangélica, nem fanática religiosa, longe disso, muito menos a chata que não bebe. Apenas não consigo associar cerveja a um piquenique de dia das crianças, acho totalmente surreal!
  Também não tenho nada contra a Brahma, a Skol,  a Absolut, ou seus seguidores,  não me importo de dividir a mesma festa com eles, apenas acho mega bad toda análise e julgamento que pouco apegados ao álcool sofrem! Tenso!
 Não bebo porque nem curto muito o sabor, salvo raras exceções, não gosto dos efeitos do álcool, já vivo rindo e brincando mesmo estando sóbria, consigo esquecer meus problemas e conflitos com um bom papo com uma amiga, consigo comemorar minhas conquistas com uma boa gargalhada, encontro adrenalina suficiente brincando com minhas filhas ou pagando minhas contas! Mas acho tudo de lindo saborear um bom vinho ou uma cerveja artesanal quando sinto vontade. 
  Porém isso será sempre feito calmamente, afinal a ideia é saborear o vinho e não me esquecer dele no dia seguinte!

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