Direito de falar X Responsabilidade no que dizer

   

                                                                       
   Acho delicioso a liberdade de expressão, o direito as opiniões, reivindicações, palpites, brincadeiras, questionamentos, o livre trânsito das palavras.
  Saber sorrir nos tropeços da vida é vital, sem dúvida nenhuma bom humor é remédio para alma, mas acredito que a delicadeza e o respeito devem dar o tom as palavras, sempre!
  O respeito a tragédia alheia, a dor do outro, mesmo quando o outro se encontra do outro lado do planeta deve ser nosso guia no instante em que resolvemos nos expressar!
  Grande parte da mídia hoje se alimenta da imensa procura pelo trágico, pelo fútil. É a lei da oferta e procura! Notícia triste, tragédia, fofoca, vende, rende, caminha, corre!
  Observem numa banca de jornais ou revistaria  a imensa quantidade de publicações totalmente voltadas a falar da vida alheia. Algumas vezes, ridiculamente absurdo as fotos e suas manchetes, coisas do gênero: Fulano de tal, da novela "Y" sai para comprar chinelos num shopping! E as pessoas seguem querendo o mesmo chinelo, a mesma bunda, o mesmo corte de cabelo, numa ideia insana de que isso proporcionará felicidade, ou as tornarão belas como sua fonte de inspiração!
  Mas que beleza é esta que querem tanto copiar? 
  A outra ponta do absurdo, acredito ser ocupada pelas tragédias, que infelizmente se alastram de maneira feia, indelicada, grosseira.
  Num tempo chamado de todos conectados, estamos nos tornando cada dia mais distantes, emocionalmente mais sozinhos! Criamos e fazemos circular piadas, imagens, brincadeiras com o sofrimento alheio, fotos de tragédias, destroços de vidas, banalizando e desrespeitando a dor, brincando com o trágico! O que vale é aumentar o número de rostos na selfie, não importando se o local é uma balada ou um velório! O sentimento do outro não interessa, somente seu sorriso na foto, para postar, contar, mostrar, acreditando naquele instante que tudo está distante de nós, que é um mundo diferente do nosso!
  Grande engano! 
  Nosso mundinho é pequeno demais, este outro que nos parece tão distante, é sempre alguém como nós, com angústias, necessidades e anseios semelhantes aos nossos, com amigos ao seu redor, família, amores e a cada palavra descontraída, brincadeira ou piadinha, vamos machucando não apenas o mundo do outro, mas nossa própria delicadeza, nossa humanidade, banalizando e desrespeitando a vida!
  As vezes temo que a conquista da tão sonhada e necessária liberdade de expressão, esteja nos afastando do guia máximo a nossa liberdade: o respeito!
  Tem muita coisa boa acontecendo agora no mundo, motivos variados para sorrirmos, fotografarmos, fazermos piadas e brincarmos! As tragédias devem durar apenas o tempo necessário para o choque, o ensinamento e a vontade de tentar ser cada dia melhor, fazer melhor !
  Não passe tragédia adiante!