A-P-R-0-V-E-I-T-E

                                                                Amava pular corda!                                  

  Quem após os 30 claro, nunca soltou uma frase nostalgicamente fatídica tipo "que saudade dos meus 15 ou 20 anos?" 
  Convivo cotidianamente com dois exemplares, exemplares distintos é verdade, na idade e na maneira de ser, mas ambos tem um traço em comum que eu já havia esquecido existir : a quase certeza absoluta de que os 40, 50 anos estarão sempre num lugar distante, que irão demorar chegar! Também tive essa certeza um dia, aliás todos a temos acredito!
  Mas outro dia, observando e ouvindo um grupinho de meninas entre seus 12 e 16 anos, comecei a lembrar de mim e a me comparar comigo!
  Aos 12 anos talvez eu fosse mais livre de alguma forma, afinal, aos 12 não temos a obrigatoriedade do comprometimento, do engajamento, embora eu tenha sido uma adolescente semi engajada, metida a politizada, consciente, ecologicamente correta quando esta expressão ainda nem existia.
  Me lembro de uma época em que somente estudada pela manhã, chegava do colégio ao 12:15, guardava a mochila no quarto, lavava as mãos e me sentava no sofá até me chamarem pra almoçar. Então fazia um bom prato de comida, sem me preocupar com quantas calorias ele tinha, ou se estava colorido o suficiente e comia com prazer enquanto assistia tv. Claro, também não me preoupava se o programa iria me estimular ou me desvirtuar! Ficava por ali de bobeira, fazia tarefas, estudada, brincava com minha gata, fofocava com amigas, não pelo Skipe, nem MSN claro, não existia Twiter, facebook, ou coisas assim, nem telefone eu tinha em casa, portanto, se queria conversar era ao vivo mesmo e isso era bom demais! Depois se sobrasse um tempinho, ia "brincar"!! Não sei se conheço mais meninas de 11, 12 anos que convidam uma amiga para "brincar"!
  E brincar significava exatamente isso! Era rolar quintal abaixo dentro de uma lata gigantesca num "Looping" improvisado! Ou jogar dama, xadrez, brincar de duro ou mole, pular corda, assistir juntas ao filme dos Trapalhões na Sessão da Tarde! Vidinha boa demais!
  A-P-R-O-V-E-I-T-E-I, assim em letras maiúsculas cada dia da minha infância que prolonguei o máximo que pude, fui feliz demais, sem excessos, de nenhum tipo, o que me deixou apenas divertidas sequelas,...ainda hoje tenho fixação por leite condensado!! Explicando: na minha casa, só se comprava em ocasiões festivas, quando iam preparar doces e sempre na quantidade exata! Resultado: eu morria de vontade comer uma lata inteirinha, mas nunca podia! Hoje, me tornei a "maníaca do Leite Moça"!Preciso abrir o armário e ver latinhas e mais latinhas empilhadas e quando alguém pega uma, me dá até dor no coração...kk
  Me orgulho de tudo que fiz, de tudo que aprendi, de tudo que vivi! Claro que fiz besteiras, errei, apanhei (sou do tempo em que bater nos filhos não era pecado capital..kk), comecei a trabalhar aos 13 anos (também sou desse tempo, onde trabalhar nesta idade não era considerado exploração de menores), sai muito, namorei, me diverti muito, viajei muito, tive as melhores amigas que alguém pode ter, a melhor vida que alguém pode querer! Cresci, amadureci e os 40 chegaram, graças a Deus!!
  E chegaram me deixando cheia de orgulho, amo ter chegado até aqui, amo o que vejo quando me olho, o que construí! 
  Óbvio que não alcancei tudo que sonhava aos 12 anos, que muita coisa ficou pelo caminho, abri mão de muitas pessoas, outras ficaram pelo caminho sem minha vontade, nem consentimento. Muitos sonhos mudaram, por opção ou por imposição, mas ainda tem muita coisa para ser feita, ainda tenho muito que buscar!
  Chega sim! Chegamos aos 30, aos 40, aos 50, e o fundamental para este encontro ser bom acho que é a certeza de que o caminho até ele foi de verdade! 

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